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Religião

Um inimigo que precisa ser resistido – Por Tiago Rosas


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Prosseguindo nossos estudos sobre batalha espiritual, hoje nos debruçaremos sobre uma batalha travada cotidianamente contra três fortes inimigos: o diabo, o mundo e o nosso próprio eu, que é a velha natureza não totalmente removida, mas que deve ser subjugada diariamente para que vivamos uma vida pura e vitoriosa.

Apesar do título da lição falar de “um inimigo que precisa ser resistido”, baseado no quarto capítulo da epístola de Tiago, creio que podemos com base nesse mesmo capítulo falar destes já mencionados três inimigos. De modo algum podemos sozinhos ser vitoriosos nessa batalha, entretanto, visto que Deus “nos dá cada vez mais graça” (Tg 4.6a, NAA), podemos, fortalecidos nesta graça (2Tm 2.1), galgar vitória sobre vitória!

I. A epístola de Tiago

Embora esta Lição não objetive tratar da carta de Tiago e dos vários assuntos que ele discorre, o leitor será subsidiado com algumas informações gerais sobre a carta, o que ajuda a construir um pano de fundo para o estudo do tema específico, especialmente quando formos ao quarto capítulo da epístola. A leitura integral da carta será de grande valia para professores e alunos!

1. Autoria

O nome Tiago é a forma latinizada de Iakobos, que é o correspondente grego de Yakov – Jacó – no hebraico. Há quatro Tiagos mencionados no Novo Testamento:

  1. Tiago filho de Zebedeu e irmão de João, ambos apóstolos de Cristo (Mc 3.17);
  2. Tiago filho de Alfeu, chamado de “o mais novo” ou “o menor”, e também apóstolo de Cristo (Mc 3.18)
  3. Tiago pai de Judas (Lc 6.16; At 1.13). Esse Judas não era o Iscariotes, mas o “Tadeu” (Mc 3.18).
  4. Tiago irmão de Jesus (MT 13.55; Mc 6.3). A tradição cristã entende que teria sido este e não outro Tiago quem escreveu a epístola em questão. A Bíblia de Estudo Pentecostal comenta:

A maneira do autor se identificar simplesmente como “Tiago” (1.1), revela sua posição de destaque na obra. Tiago, meio-irmão de Jesus [isto é, irmão por parte de mãe] e dirigente da igreja de Jerusalém, é geralmente tido como o autor. Seu discurso em Jerusalém (At 15.13-21), bem como as descrições dele noutras partes do NT (e.g., At 12.17; 21.8; Gl 1.19; 2.9,12; 1Co 15.7) correspondem perfeitamente com o que se sabe dele como autor da epístola. [1]

2. Destinatário

Conforme o primeiro versículo da epístola, ela foi escrita para as doze tribos da Dispersão. Certamente não se refere à grande dispersão do ano 70 d.C., quando os romanos destruíram Jerusalém, pois o conteúdo da carta aponta para uma data mais remota que essa (quando a congregação dos cristãos ainda eram as “sinagogas” – Tg 2.2, embora a versão Almeida Revista e Corrigida tenha traduzido o temo grego synagoge por “ajuntamento” ao invés de “sinagoga”). Tiago também não tem em mente uma divisão geográfica já superada desde os tempos dos reis de Israel, ao falar de “doze tribos”, mas a referência neste caso é a totalidade de judeus cristãos que viviam fora da terra de Israel. Talvez fossem os “dispersos” pela perseguição mencionada em Atos (8.1; 11.19). A falta de um destinatário específico, faz a carta de Tiago ser tradicionalmente contada entre as epístolas gerais ou universais.

3. Conteúdo

A Bíblia de Estudo Brasileira (editora Hagnos) traz pertinente informação:

Entre os livros do Novo Testamento, a carta de Tiago é classificada como uma das cartas gerais. É possivelmente o livro mais antigo do Novo Testamento [remonta aos anos 40-49 d. C.], tendo sido elaborado num estilo literário sapiencial [isto é, em forma de ditos de sabedoria], semelhante a Salmos e Provérbios, repleto de figuras de linguagem que evocam a natureza. O estilo de Tiago é bem direto, semelhante a uma abordagem nordestina, “sem rodeios”. Há 54 ordens e mandamentos numa carta com apenas 108 versículos. Tiago possui um perfil bastante judaico [nada estranho para quem era pastor da igreja em Jerusalém] e procura fazer distinção entre a fé verdadeira e a falsa, além de mostrar uma nítida relação com os ensinos de Jesus no Sermão do Monte.

Pelo fato de não apresentar uma teologia muito elaborada e ter um perfil tão prático, Tiago teve seu lugar no cânon questionado na igreja primitiva [séculos II a IV]. Dirimidas as dúvidas, a carta apareceu no cânon de Atanásio em 367.

Apesar de ter seu lugar garantido no cânon desde então, a epístola da Tiago continuou sendo alvo de críticas, como as do reformador alemão Martinho Lutero, para quem esta carta era uma “carta de palha”. Lutero, porém, não excluiu esse livro de sua lista e o traduziu como aos demais para a língua de seu povo alemão. Como pontuou Charles Ryre, “Lutero não questionou a autenticidade de Tiago, mas sim sua utilidade, em comparação com as cartas de Paulo, pois ela dá pouca ênfase à justificação pela fé [o grande tema nos embates da Reforma Protestante]” [2]. Infelizmente, Lutero estava errado, pois embora existam grandes distinções entre a abordagem doutrinária e teológica de Paulo e a abordagem prática e ética de Tiago, ambos têm sua utilidade na igreja, visto que “tudo o que dantes foi escrito para o nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4).

4. Tema

Tiago usa estilo enérgico e palavras contundentes para confrontar a profissão de fé que não se traduz em atitudes corretas na vida cotidiana. Embora discorra sobre muitos assuntos éticos e apresente muitos conselhos em sua tão breve epístola, o grande tema de Tiago é sem dúvidas a fé genuína que se faz acompanhar de boas obras. Para Tiago, o discurso deve estar alinhado à prática: “Assim falai, e assim procedei” (2.12); e a fé deve evidenciar-se em obras, pois “se não tiver as obras, é morta em si mesma” (2.17). Neste último assunto, Tiago é o campeão do Novo Testamento, visto que ele, mais do que qualquer outro autor, fala abundantemente da relação fé e obras.

II. Os deleites da vida

Feitas as considerações acima sobre as características da epístola, voltemo-nos agora para as batalhas de que Tiago faz menção no quarto capítulo. Óbvio que dado à exiguidade do tempo e do espaço na Escola Dominical, não poderemos discorrer sobre todos os conflitos que este autor bíblico trata nos cinco capítulos de sua obra (poderíamos falar das tribulações cotidianas enfrentadas pelos cristãos – cap. 1; da acepção de pessoas entre os cristãos – cap. 2; da disputa por conhecimento e sabedoria e ainda dos pecados da língua – cap. 3; ou mesmo da deslealdade dos ricos e dos patrões para com seus servos – cap. 5). Todavia, há material pertinente e suficiente para tratarmos no quarto capítulo, que é certamente o mais contundente de toda a epístola.

1. Guerras e pelejas

Tendo falado, no capítulo 3, sobre os que disputam conhecimento e usam a língua para ferir ao outro, Tiago agora “engrossa o caldo”: “De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?” (Tg 4.1)

Já aprendemos com o apóstolo Paulo que “não temos que lutar contra a carne e o sangue” (Ef 6.12), mas era justamente isso que os irmãos judeus a quem Tiago escreve estavam fazendo! As guerras e pelejas (linguagem metafórica para as disputas acirradas entre eles) se originavam “dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam” (v.1), somente serviam para fomentar a morte de irmãos e a inveja (v. 2) e seu propósito não era outro senão satisfazer egoisticamente a cada um (v. 3). A noção de comunhão tão rapidamente se perdeu entre esses cristãos e, embora fossem ainda a primeira geração de crentes (estamos falando de algo anterior ao ano 50 d.C., isto é, os vinte primeiros anos do cristianismo), não pareciam preservar aquela comunhão de que Atos dos Apóstolos fala: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações (…) E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração” (At 2.42,44-46). Assim, quando alguém falar que devemos ser como a igreja primitiva, bem poderemos perguntar: qual igreja primitiva, a do pós-Pentecoste em Jerusalém ou a da dispersão para qual Tiago remeteu sua carta? A igreja de Cristo desde seus primórdios sempre foi multifacetada, e nunca foi a congregação dos perfeitos!

2. Os deleites

Aqui chegamos ao primeiro dos três inimigos que precisamos vencer a cada dia: o nosso eu, a carne, a velha natureza adâmica, o velho homem! Esse inimigo nos acompanha aonde quer que a gente vá, mesmo quando estamos sozinhos, enclausurados e distantes de ambientes sociais. Até mesmo quando o diabo e seus demônios estão ausentes (eles não são onipresentes!), esse nosso inimigo está lá, natureza corrompida pelo pecado tentando prevalecer em nós e afastar-nos do nosso Redentor. A carne quer se deleitar, isto é, quer a busca insaciável pelo prazer pessoal, a remoção dos limites para satisfazer todos os sentidos. O pastor Elienai Cabral dizia que “independente da nossa condição de salvos da pena do pecado, ainda há em nós o estigma do velho homem, que precisa ser dominado diariamente. Por isso ninguém pode negar a condição de pecador, ainda que remido”. [3]

Mesmo antes do quarto capítulo onde Tiago fala dos “prazeres que estão em conflito dentro de vocês” (4.1, NAA), ele já havia dito no primeiro capítulo que “cada um é tentado pela sua própria cobiça” (1.14). Esta luta interna e incessante, que nem a doença nem a velhice podem por fim, é a luta da nossa carne contra o Espírito de Deus (Gl 5.17). Quando andamos no Espírito, isto é, quando nos rendemos à obra do Espírito e lhe permitimos operar em nós a santificação, não satisfazemos as obras da carne (Gl 5.16). Os cristãos judeus, porém, a despeito de serem assistidos pelo Espírito de Deus e terem condições de vencer essa disputa, pareciam estar cedendo às paixões carnais, pelo que Tiago questiona: “que acham vocês que as Escrituras querem dizer quando afirmam que o Espírito Santo, que Deus pôs em nós, vigia sobre nós com terno ciúme?” (4.5, Viva).

Para Tiago, a religião verdadeira, isto é, a religação com Deus de fato passa tanto pelo amor ao próximo, que se manifesta em boas obras, como pela pureza pessoal, isto é, “guardar-se incontaminado do mundo” (1.29). Judas, irmão de Tiago, concordaria com ele mais tarde, quando então escreveria que “até a roupa contaminada pela carne” deve ser detestada (Jd v. 23). O cristão que realmente estiver decidido a ser um vencedor, precisa impor freios, limites e restrições aos seus desejos carnais, como um atleta que se disciplina para ser vencedor (1Co 9.25); precisa como Daniel em Babilônia decidir firmemente em seu coração não se contaminar (Dn 1.8), ou como José, quando tentado pela mulher de Potifá, precisa realmente fugir de toda aparência do mal (1Ts 5.22).

3. Cobiçosos e invejosos

Tiago de fato está confrontando seus leitores, tirando-os da zona de conforto, denunciando seu comportamento reprovável e chamando-os a uma mudança radical de postura. O pastor de Jerusalém está a usar a vara para fustigar as ovelhas e trazê-las de volta ao caminho da retidão moral e espiritual! O quanto essas ovelhas se deixaram corrigir não o sabemos, mas a repreensão foi dada e o pastor está inocentado do sangue daquelas que eventualmente perseveraram no erro (Ez 3.20-21).

O pastor confronta as ovelhas: “Vocês cobiçam e nada têm; matam e sentem inveja, mas nada podem obter (…) pedem e não recebem, porque pedem mal, para esbanjarem em seus prazeres” (Tg 4.2,3, NAA). Ao cobiçarem, desejavam possuir o que era dos outros; ao matarem, não literalmente, mas moralmente, estavam, como bem interpretou Jimmy Swaggart, “a destruir a reputação de outra pessoa a fim de ganhar vantagem, e fazê-lo por difamação” [4]; e ao invejarem estavam ressentidos pela alegria do outro, quando deveriam na verdade se alegrarem com os que se alegram (Rm 12.15). Embora estivessem orando pedindo coisas a Deus, não poderiam recebe-las visto estarem dominados por espírito de competitividade!

O pastor R.T. Kendall diz algo importante sobre essas “pelejas” entre irmãos em nossos dias:

“Temo que muitos cristãos que desejam ter unção demorem a recebê-la porque possuem um espírito competitivo. Esses indivíduos fazem comparações e, conscientemente ou não, competem uns com os outros. Não demonstram interesse em buscar o louvor que vem somente de Deus. Estão mais interessados na bajulação mútua” [5]

Que o Senhor nos livre de todo esse sentimento orgulhoso de competição e nos dê o singelo, mas profundo senso de dependência uns dos outros!

4. Adúlteros e adúlteras

O adultério ou infidelidade de que Tiago fala (4.4) é dos cristãos que deixam a amizade com Deus para se aliançarem com o mundo, ou tentam conciliar os dois relacionamentos (noutros tempos, com bom humor chamaríamos os tais de “crente Raimundo: um pé na igreja e outro no mundo”). Aqui chegamos ao segundo inimigo que precisa ser vencido: o mundo – sistema cultural e intelectual que se opõe ao Senhor e aos valores cristãos, conjunto de crenças e práticas que se pautam na satisfação imediata do prazer, na negação da responsabilidade do homem diante da divindade e que ignora a pureza e a verdade do evangelho! Segundo Tiago, fazer-se amigo desse mundo é constituir a si mesmo um inimigo de Deus (não há como servir a dois senhores! – Mt 6.24). Seus leitores, assim como nós também a cada dia, precisavam decidir com quem queriam manter amizade afinal. Deus não aceita dividir-nos com o mundanismo!

A TV, a internet, o entretenimento secular e a cultura permissiva deste mundo todos os dias têm nos chamados para o banquete de suas iguarias perniciosas: imoralidade sexual, vícios, dinheiro fácil, etc. Sentimos diariamente o peso dessa batalha moral que enfrentamos entre ceder às tentações mundanas para sentirmos o prazer momentâneo do pecado (Hb 11.25) ou rendermo-nos à Cristo para desfrutar de sua presença aqui e de sua glória no porvir (1Pe 1.6-9). Mas que possamos recusar as alfarrobas dos porcos e subir à casa do nosso Pai para alimentarmo-nos de um verdadeiro banquete como o que nos tem preparado (Lc 15.15,16,22-24).

“Tentado, não cedas, ceder é pecar,
Melhor e mais nobre, será triunfar,
Coragem, ó crente, domina o teu mal.
Deus pode livrar-te de queda fatal”  (HC, 75)

III. Resistindo ao inimigo

Entre os versículos 7 a 10 do quarto capítulo, Tiago nos apresenta outro inimigo a quem precisamos vencer e ainda nos oferece ali o caminho para a exaltação diante de nosso Deus.

1. A receita para resistir ao inimigo

Já vimos que o primeiro inimigo da nossa batalha espiritual é a nossa própria carne (não confundir com o nosso corpo, que é criação de Deus e santuário do Espírito Santo!); vimos também o segundo forte inimigo contra o qual precisamos tomar firme decisão, que é o mundo (não confundir com as pessoas em nossa volta, que devem ser alvos de nosso amor e de nossa evangelização!); resta-nos ver o terceiro inimigo, que é quando Tiago exorta: “Portanto, sujeitem-se a Deus, mas resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês” (v. 7).

Embora todo homem após Adão já seja pecador mesmo sem uma direta influência do diabo sobre ele – o pecado é uma corrupção espiritual que herdamos de Adão –, esse inimigo pode se aproveitar de nossas faculdades corrompidas para nos induzir à continuar pecando e levar-nos de volta à escravidão do mal. “O diabo anda em vosso derredor”, já nos alertou o apóstolo Pedro (1Pe 5.8); “não deis lugar ao diabo” (Ef 4.27), é a orientação do apóstolo Paulo, visto que este inimigo é sorrateiro e busca entrar por qualquer brecha que lhe abrirmos; mas como Tiago sabe que ele é um inimigo persistente, dá-nos bom conselho: “resistam…”! Ao que Tiago nos sugere, o diabo já tinha logrado êxito, entrando na mente de alguns cristãos, trazendo a eles “inveja amargurada e sentimento de rivalidade” (3.14), pois embora eles se orgulhassem de serem mestres melhores que outros, sua sabedoria na verdade era “terrena, animal e demoníaca” (3.15). Mas ainda há esperança, pois é possível a algum irmão resgatar outro que se desviou e convertê-lo de seu caminho errado (5.19,20); por isso Tiago admoesta: “resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês”. Enquanto há vida, a batalha segue! Não se deve render-se ao inimigo, mas triunfar sobre ele na sujeição do Senhor! Se o adversário persiste nas tentações, perseveraremos nas orações!

2. A submissão a Deus

A sujeição do crente à vontade de Deus é crucial para sua vitória contra o diabo. Na verdade, é o único caminho da vitória! Ninguém vence satanás sozinho, pois até mesmo o poderoso arcanjo Miguel precisou invocar o nome do Senhor para vencê-lo (Jd v. 9). O fato de Jesus ter sido levado pelo Espírito (e estar cheio do Espírito! – Lc 4.1) para ser tentado pelo diabo, deve servir ao propósito de fazer-nos perceber o quanto somos dependentes do auxílio divino para podermos vencer as astúcias de satanás!

O teólogo Jacó Armínio, discorrendo sobre a segurança dos crentes contra a queda no pecado, assim dissertou:

“O meu sentimento a respeito da perseverança dos santos é que as pessoas foram enxertadas em Cristo, pela fé verdadeira, e assim têm se tornado participantes de seu precioso Espírito vivificador, dispõem de poderes suficientes [ou] forças para lutar contra satanás, contra o pecado, contra o mundo e a sua própria carne, e para obter a vitória sobre esses inimigos, mas não sem a ajuda da graça do mesmo Espírito Santo. Jesus Cristo, também pelo seu Espírito Santo, as auxilia em todas as tentações que enfrentam, e lhes proporciona o pronto socorro de sua mão”

Mas logo em seguida o teólogo holandês arremata:

“também entendo que Cristo as guarda não as deixando cair, desde que tenham se preparado para a batalha, implorando a sua ajuda, e não querendo vencer apenas por suas próprias forças. De modo que não é possível para eles, por qualquer astúcia ou poder de Satanás, serem seduzidos ou arrancados das mãos de Cristo” [6].

De fato, o diabo nada pode contra aquele que é gerado de Deus e conserva-se em pureza (1Jo 5.18). O diabo não usará jamais força irresistível para nos arrancar das mãos de Cristo (Jo 10.28), nem triunfará sobre nós sem que lhe demos consentimento em nossa mente e em nosso coração. Todavia, precisamos pedir a ajuda diária de Jesus Cristo para vencermos este cruel inimigo. De modo algum podemos cair no engano de pensar que toda ajuda que necessitarmos depois de fazer a profissão de fé no Senhor virá automaticamente do céu, mesmo que não peçamos por ela! Também não existe “santificação irresistível”, como certo expoente já andou defendendo. Foi o próprio Senhor quem advertiu seus discípulos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). Quando não oramos ou oramos mal (Tg 4.3) ficamos suscetíveis aos dardos inflamados do maligno! A sujeição a Deus através de uma vida de oração é o caminho para vitória: “Chegai-vos a Deus” (Tg 4.8), vós todos os que quereis ser vitoriosos na batalha contra o mal!

3. Os lamentos e os resultados

Limpar as mãos (do uso promíscuo e difamador que fizemos delas) e purificar o coração (de toda malícia, inveja amarga e odiosidade) também são ordenados aos que quiserem vencer o terceiro inimigo e aproximar-se de Deus (Conf. Sl 24.3-5). Dizia Frida Vingren que “Às alturas santas ninguém voa, sem as asas da humilhação”. Nesse sentido, Tiago propõe aos seus leitores que se humilhem diante de Deus, reconhecendo cada um as suas misérias (falhas e fracassos em obedecer), demonstrem sincero pesar pelos erros cometidos – “lamentai e chorai” – e também compreendam que o tempo de rir deve ser substituído pelo tempo de chorar (Ec. 3.4), mas não o choro profissional das carpideiras ou dos artistas de teatro, mas o choro de arrependimento pela conduta imoral sustentada até então. Ou seja, é um convite para experimentarem aquela tristeza segundo Deus que opera o arrependimento (2Co 7.10). Se assim fizerem, viverão a promessa: o Senhor vos exaltará (Tg 4.10). Como disse Jesus no sermão das bem-aventuranças, que Tiago parece ter sempre em mente, “bem-aventurados os que choram porque eles serão consolados” (Mt 5.4).

Conclusão

Antes mesmo de pensarmos em vencer as batalhas espirituais no campo missionário, lutando contra demônios que escravizam pessoas e promovem subversão na sociedade em nossa volta, precisamos nos certificar de que estamos vencendo as batalhas que nos envolvem diretamente: a luta contra o pecado que quer nos dominar, por teimosia de nossa própria carne, por influência do mundo ou por assédio de satanás. Se perdermos a batalha travada em nosso interior jamais teremos êxito nas batalhas que ocorrem fora de nós! Mas louvado seja Deus que nos “dá maior graça” (Tg 4.5) para vencermos, pois é somente pela graça que estamos de pé e é nela que permaneceremos firmes! (1Pe 5.12).

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Referências
[1] Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p. 1924,5
[2] Bíblia de Estudo Anotada Expandida, Mundo Cristão, p. 1213
[3] Elienai Cabral. Lições Bíblicas Jovens e Adultos, 1° Trim/97, CPAD, p. 72
[4] Bíblia de Estudo do Expositor, SBB, p. 2222
[5] R. T. Kendall. A unção – ontem, hoje e depois, Betânia, p. 144
[6] Jacó Armínio. As obras de Armínio, 1° ed., vol. 1, CPAD, p. 232. Grifo meu

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